Plástico não é lixo: entenda como essa matéria-prima é importante

Reciclagem: os resíduos plásticos podem combater a pobreza global?
setembro 1, 2021
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Plástico não é lixo: entenda como essa matéria-prima é importante

O plástico revolucionou a indústria em muitos aspectos sendo parte fundamental da vida moderna. Está presente em muitas partes das aeronaves, nos computadores, nos equipamentos médicos, nos cintos de segurança e nos celulares. Porém, o uso deste material em larga escala também trouxe graves consequências ambientais.

A produção em massa de plásticos começou somente há poucas décadas, mas acelerou tanto que criou 8,3 bilhões de toneladas métricas de plástico. A maior parte destes resíduos ​​infelizmente acaba sendo tratada como lixo. A previsão é de que, em breve, os oceanos terão mais resíduos plásticos do que peixes. 

O descarte incorreto é um grande desperdício. Plástico não é lixo, é matéria-prima. Bilhões de toneladas de plástico fabricadas se tornaram lixo quando poderiam ter sido reaproveitadas. Porém, infelizmente, hoje não existem incentivos econômicos adequados para fazer a logística reversa do material e acaba sendo mais barato fabricar um plástico novo do que reciclar.

O desperdício de resíduos plásticos

Segundo um estudo publicado na revista Science Advances – uma análise global de todos os plásticos já feitos e seu destino – das 8,3 bilhões de toneladas que foram produzidas, aproximadamente 6,3 bilhões de toneladas se tornaram resíduos de plástico. Desse total, apenas 9% foram reciclados. Ou seja, a maior parte foi acumulada em aterros sanitários ou descartada no ambiente natural como lixo. 

Jogar fora toda esta matéria-prima é também jogar dinheiro fora. O polietileno, por exemplo, é uma resina de alta qualidade que pode ser reciclada várias vezes. Quem joga fora polietileno, está desperdiçando material.

O que atrapalha a reciclagem 

Falta de padronização

Existe uma enorme variedade de tipos diferentes de plástico usado em produtos e embalagens descartáveis. Uma solução seria limitar os tipos de plástico a um único padrão, mais fácil de reciclar. Isso pode significar menos plásticos coloridos. As bandejas de comida preta são um exemplo particularmente problemático, pois contêm pigmentos que tornam a embalagem bem mais difícil de detectar pela tecnologia de classificação.

Dificuldade na separação

Projetar as embalagens já pensando em facilitar a separação é fundamental.  Isso é possível, por exemplo, com o uso embalagens com camadas externas removíveis pelo consumidor e uso de colas solúveis em água. Essa abordagem de design para descarte significaria identificar e separar melhor os tipos de plástico, fazendo com que eles valham mais como material para reutilização

A contaminação dos materiais mistos

Materiais mistos são todos aqueles que possuem tipos diferentes de material no mesmo produto. Um copo de café descartável feito de papel com revestimento de plástico, por exemplo. Estes materiais são especialmente difíceis e caros de separar. Eles são considerados em muitos casos contaminados e sem valor.

As matérias-primas para a maioria dos plásticos são mais baratas de usar que o material reciclado. As matérias-primas vegetais são uma alternativa, mas muitas vezes competem com culturas usadas para produzir energia ou alimentos e nem sempre são tão sustentáveis quanto parecem. É aqui que a intervenção do governo pode ter um grande impacto. Um incentivo para a fabricação usando material reciclado, ao invés de plástico novo, criaria condições melhores para o desenvolvimento de novos materiais mais sustentáveis. 

Existe futuro sem plástico?

Não. Ainda não existe um material versátil o suficiente para substituir o polímero. O plástico prolonga a vida útil dos produtos, cria uma barreira para bactérias e traz uma conveniente camada impermeável para as embalagens. 

As empresas já estão se preocupando com os resíduos plásticos, mas precisa inovar. A população também pode ajudar com a escolha dos produtos reciclados e o comprometimento com a reciclagem. Os governos precisam oferecer financiamento e legislação que apoie as alternativas recicladas. Os plásticos não são uma mercadoria descartável, eles duram centenas de anos em nosso ambiente e podem ser reaproveitados muitas vezes antes do seu descarte final.

Conclusão

O plástico não é nocivo. Foi uma invenção que gerou benefícios significativos para a sociedade. O problema é a maneira com a qual os governos lidaram com resíduo plástico e a maneira como a sociedade o converteu em uma conveniência descartável de uso único quando a maioria dos plásticos pode ser reaproveitada e reciclada. 

Controlar o lixo plástico é uma tarefa tão complexa que exige uma abordagem abrangente e global. Esse processo envolve repensar a química do plástico, o design do produto, as estratégias de reciclagem e o uso do consumidor. 


Referências:

The war on plastic is underway, but we should view it as a resource, not waste
Disponível em: https://newsroom.tomra.com/the-war-on-plastic-is-underway-but-we-should-view-it-as-a-resource-not-waste/

Novel Eco-Sensitive Wastewater Treatment Recovering Dairy Industry Effluent Nutrients – PLASTIC WASTE – OR RESOURCE?
Disponível em: https://newtrients.ucc.ie/plastic-waste-resource/

What is Recycling Contamination, and Why Does it Matter? By David Rachelson
Disponível em: https://www.rubicon.com/blog/recycling-contamination/#:~:text=Recycling%20contamination%20occurs%20when%20materials,on%20a%20plastic%20yogurt%20container.

Correio Braziliense – Plástico: mundo produziu 8,3 bi de toneladas em 65 anos e reciclou só 9%
Disponível em: https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/ciencia-e-saude/2017/07/22/interna_ciencia_saude,611649/plastico-mundo-produziu-8-3-bi-de-toneladas-em-65-anos-e-reciclou-so.shtml

El País – Humanidade já gerou 8,3 bilhões de toneladas de plástico
Disponível em: https://brasil.elpais.com/brasil/2017/07/19/ciencia/1500451864_107312.html

Science Advances – Production, use, and fate of all plastics ever made
Disponível em: https://advances.sciencemag.org/content/3/7/e1700782

The PlasticsEurope Annual Review 2017-2018 
Disponível em: https://www.plasticseurope.org/download_file/force/1830/181

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