A embalagem desempenha um papel fundamental na entrega de mercadorias e alimentos aos consumidores. Sua principal função é proteger os produtos embalados contra danos mecânicos e outros estressores, como oxigênio, poeira e sujeira, contaminação biológica, umidade e temperatura, a fim de manter o perfeito funcionamento e a qualidade do produto, incluindo, por exemplo, garantir uma vida útil mínima e o sabor autêntico do alimento.

Além disso, a embalagem realiza várias outras funções, tais como:

• Permitir o uso seguro e fácil pelos consumidores.
• Fornecer informações úteis para o consumidor e mensagens promocionais.
• Apoiar a logística otimizada.

Em certa medida, essas funções estão sujeitas a requisitos legais.

Além desses requisitos “tradicionais” fundamentais, bem conhecidos por qualquer pessoa envolvida no design e desenvolvimento de embalagens, qualquer tentativa significativa de eco design precisa incluir outro requisito essencial neste conjunto multidimensional de funções: minimizar os impactos ambientais negativos.

O eco design de embalagens plásticas inclui uma visão holística de todo o sistema de embalagem (embalagem primária, secundária e terciária), abrangendo desde melhorias incrementais nas embalagens até inovações fundamentais no sistema, como a criação de logística de retorno para embalagens usadas ou a implementação de sistemas de reciclagem. 

Ao projetar uma embalagem plástica pensando na sustentabilidade, o profissional precisa lidar com objetivos conflitantes em diferentes níveis, que podem surgir entre metas ambientais e outros aspectos chave das embalagens, como também entre diferentes metas ambientais, 

Ciclos de vida das embalagens e dos produtos embalados estão estreitamente interligados

Como resultado da variedade de funções descritas acima, as embalagens de hoje frequentemente requerem produtos complexos e altamente especializados. Assim como todos os produtos, os recursos naturais são utilizados durante todo o ciclo de vida, o que afeta o meio ambiente. Os impactos ocorrem durante a produção da matéria-prima, o processamento do material de embalagem e da própria embalagem, o processo de enchimento/embalagem, o uso dos produtos embalados e a coleta, triagem e subsequente reciclagem dos resíduos de embalagem.

Por um lado, a embalagem em si tem um impacto ambiental durante seu próprio ciclo de vida. Por outro lado, ela também ajuda a reduzir os impactos ambientais dos produtos embalados por meio de sua função protetora.

Na implementação dos diferentes requisitos funcionais durante a concepção de embalagens, os designers tomam várias decisões que determinam amplamente os impactos ambientais. Essas decisões dizem respeito à forma como os requisitos funcionais da embalagem são atendidos, como os materiais são selecionados e combinados, quais rótulos e revestimentos são aplicados, bem como o peso e a geometria da embalagem.

Do ponto de vista da proteção ambiental, o uso de recursos naturais deve ser minimizado tanto quanto possível sem comprometer as funções protetoras. Deve-se observar que a pegada ambiental do produto embalado é tipicamente muito maior do que a da embalagem. Com alimentos, por exemplo, a embalagem representa de cinco a dez por cento do consumo total de energia, enquanto mais de 90% está relacionado à fabricação, transporte, armazenamento e preparação dos alimentos.

A partir do ponto de vista ecológico geral, seria contraproducente se a proteção necessária dos produtos embalados fosse prejudicada devido à redução no uso de recursos para a embalagem. Se os produtos embalados forem danificados, os recursos utilizados em sua produção são desperdiçados.

É evidente que a embalagem excessiva também deve ser evitada. Esse tipo de embalagem leva a um aumento no consumo de recursos que não é necessário para a proteção dos produtos embalados. Além de uma função protetora extrema, que é desnecessária nas condições logísticas e de uso relevantes, a embalagem excessiva também pode resultar de requisitos excessivos nas funções de informação e marketing da embalagem.

Deve-se notar que, ao otimizar os designs de embalagem, todo o sistema de embalagem e produtos embalados (“solução de embalagem”) deve ser considerado.

Questões fundamentais que precisam ser abordadas

Se o Design Ecológico de embalagens plásticas for visto como uma parte integrante dos processos de inovação e tomada de decisão no desenvolvimento de soluções de embalagem, várias questões fundamentais precisam ser abordadas durante esses processos:

Nível dos produtos embalados 

É possível modificar os produtos embalados de forma que eles exijam menos da embalagem?  

Exemplos: adaptar os produtos embalados (por exemplo, um design mais estável ou usar ingredientes com maior durabilidade) levando a uma redução na necessidade de proteção (por exemplo, em relação à proteção mecânica ou à exigência de vida útil).

Nível do sistema logístico  

Pode a logística ser adaptada para que a embalagem primária/secundária tenha menos funções a cumprir?  

Exemplos: transferir informações para a prateleira da loja ou disponibilizá-las online em vez de colocá-las na embalagem; processos de transporte e recarga mais cuidadosos em vez de embalagens particularmente robustas, etc.

Nível da embalagem

Redesenhar radicalmente a embalagem é uma opção permitida?  

Exemplo: é possível usar materiais, cores, designs geométricos completamente diferentes devido às considerações de Design Ecológico?

Há uma hierarquia clara entre essas questões. Na maioria dos casos, mudanças nos produtos ou na logística terão um efeito maior na redução da pegada ambiental do que mudanças na própria embalagem. Muitas vezes, isso se aplica a melhorias tanto no desempenho ambiental quanto econômico.

Potencial de otimização adicional além do design ecológico

É importante ressaltar que a implementação de uma estratégia ambiental totalmente holística não pode se limitar ao Design Ecológico da embalagem, mas também deve incluir áreas adicionais de otimização. Por exemplo, melhorar o desempenho ambiental das instalações de produção (por exemplo, melhor eficiência energética, menor taxa de embalagens defeituosas) ou dos meios de transporte pode frequentemente resultar em reduções significativas dos impactos ambientais.

No entanto, na maioria das empresas, cada uma dessas áreas é um assunto de consideração complexa e independente do design da embalagem, decisões sobre ciclos de investimento, responsabilidades internas e acordos externos.

O objetivo geral do Design Ecológico é minimizar os impactos ambientais negativos. No entanto, essa redução dos impactos ambientais é um objetivo multidimensional que abrange várias categorias, como mudança climática, perda de biodiversidade e esgotamento de água doce. Esses impactos são relevantes de forma independente e não há um indicador abrangente que possa ser usado para medi-los.

Dentro dessa perspectiva, o plástico cumpre um papel importante para a máxima conservação dos alimentos, já que quanto mais preservados, menos recursos naturais serão utilizados para a produção de mais mantimentos. O ecodesign pode então ser aplicado para garantir uma embalagem eficiente com o menor uso de insumos possível, além de viabilizar a reciclagem desta embalagem após o uso.

Fonte: https://ecodesign-packaging.org/wp-content/uploads/2019/10/ecodesign_core_guidelines_online.pdfhttps://ecodesign-packaging.org/wp-content/uploads/2019/10/ecodesign_core_guidelines_online.pdf