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Você já deve ter passado por uma loja que vende produtos a granel ou com uma proposta que pretende ser mais amigável ao meio ambiente. Esses locais querem apresentar a ideia de “resíduo zero”, em que você leva seus próprios potes e sacolas para acondicionar os alimentos.
Para algumas pessoas, parece algo pouco prático e que não condiz com uma rotina corrida, que muitas vezes passa bem longe de algo planejado. Já para quem gosta da ideia, é uma proposta interessante e que abre caminhos para um novo comportamento. Mas a principal pergunta é: essas lojas realmente são mais sustentáveis?
Usar recipientes reutilizáveis traz benefícios; evita os custos ambientais da fabricação e o descarte de embalagens de plástico de uso único, além de reduzir o lixo. “Acho que essa é uma das razões pelas quais é atraente para as pessoas, porque parece resolver todos esses problemas”, diz Simon Aumônier, sócio principal da Environmental Resources Management (ERM). “O problema é que nem sempre é tão simples assim.”
Medir o impacto das lojas livres de plástico é complexo, pois questões como reciclagem de plásticos, desperdício de alimentos e transporte confundem os benefícios. E enquanto abandonar o plástico pode ser benéfico em alguns aspectos, o impacto ambiental geral é pequeno comparado a outras escolhas, como reduzir o consumo de carne.
Os recipientes de plástico podem ser reutilizados muitas vezes, no entanto, apenas cerca de 9% do plástico já produzido foi reciclado. Uma taxa muito baixa quando pensamos em todo o volume de plástico que utilizamos e muitas vezes, descartamos ainda em boas condições.
Enquanto isso, os produtos de vidro e metal são pesados e apresentam uma grande emissão de gases de efeito estufa durante sua fabricação e transporte. Por isso, não são uma opção tão sustentável como parece à primeira vista.
Evite o desperdício de alimentos
Há uma razão para o plástico descartável ser usado para embalagens: ele funciona. Um estudo mostra que os pepinos embrulhados em plástico permanecem frescos por até duas semanas a mais do que os que não contam com essa proteção. E um pepino que vai para a composteira é um desperdício de água e transporte (e emissões relacionadas), independentemente de como foi embalado.
A possibilidade de optar por frutas e legumes sem plástico depende da frequência que você faz compras, diz Helen Bird, especialista em gestão de recursos na WRAP, ONG de atuação mundial que busca combater as causas da crise climática.
Se você tem tempo para fazer compras diariamente, é mais fácil eliminar o plástico do que se você fizer algumas grandes compras por mês. “Definitivamente precisamos avançar em como podemos pensar mais sobre reutilização e eliminação de embalagens, mas de maneiras que sejam compatíveis com os estilos de vida que evoluímos, como com as mulheres trabalhando”, diz ela. Se você não pode fazer compras regularmente, não se sinta culpado ao comprar o pepino embrulhado em plástico — é melhor ambiental e financeiramente fazê-lo durar mais tempo do que desperdiçá-lo.
O desperdício de alimentos também acontece nas lojas. Antes de reclamar ao ver maçãs colocadas em protetores de papelão e embrulhadas em plástico, lembre-se que isso previne o desperdício. “Maçãs embaladas não se danificam, e as maçãs soltas se danificam porque as pessoas as pegam e as colocam de volta e elas rolam no chão e ficam machucadas.” afirma Simon Aumônier, sócio principal da Environmental Resources Management (ERM), uma consultoria global em sustentabilidade.
De fato, há uma razão pela qual tantas lojas livres de plástico se concentram em produtos secos. Massa, nozes e similares têm uma vida útil mais longa, portanto, são menos propensos a serem desperdiçados uma vez trazidos para casa, e menos propensos a serem danificados na loja.
Materiais alternativos de embalagem
A embalagem tem outros benefícios além de evitar o desperdício de alimentos. Usamos para comunicar datas de validade, informações nutricionais e instruções de preparo. Mas outros materiais de uso único estão disponíveis.
Também há o plástico biodegradável, que é visto como solução, mas Bird alerta que esse material não é necessariamente tão verde quanto parece, pois também requer combustíveis fósseis para ser produzido e muitas vezes não é realmente compostável. “Em grande parte, a infraestrutura que temos no momento no Reino Unido não está preparada para fazer com que esses plásticos realmente se decomponham”, diz ela. O que significa que os plásticos biodegradáveis acabam em aterros sanitários ou são incinerados.
A influência dos negócios locais
Como você chega à loja também importa. Se você está caminhando ou pegando o ônibus para uma loja local de zero desperdício, pode ser uma alternativa interessante; se você está dirigindo uma hora para reabastecer seu detergente para a roupa, então você está fazendo muito errado. “Suspeito que os impactos adicionais de suas viagens, mesmo que fosse um veículo elétrico, provavelmente são muito maiores do que a economia feita por não usar embalagens descartáveis”, diz Aumônier.
Fazer compras locais e mais simples não requer uma loja de zero desperdício — verdureiros locais à moda antiga também se encaixam, embora nem sempre sejam fáceis de encontrar, a não ser que você espere pelos dias de feira no seu bairro, o que requer certa organização e disciplina.
Observe o que você compra
Muitas lojas livres de plástico são vegetarianas ou veganas, e com uma boa razão: reduzir ou eliminar completamente a carne e os laticínios provavelmente tem um impacto maior do que o banimento de embalagens descartáveis. “O impacto de carbono na produção de carne é bastante devastador”, diz Bird.
Em vez de se preocupar com as embalagens de plástico, algumas outras ações podem ser muito mais efetivas para o meio ambiente, como ferver apenas a quantidade de água necessária para fazer uma xícara de chá, ou reaproveitar a água das roupas lavadas para limpar o quintal, por exemplo.
Em resumo, reduzir a pegada de carbono de suas compras de supermercado levanta questões complicadas, e as respostas podem parecer absurdas, dependendo das informações divulgadas pelas instituições que você acompanha e defende.
Para realmente diminuirmos a pegada de carbono, a solução mais eficiente e coerente é separar os plásticos para reciclagem. Além disso, governos e empresas precisam pensar em maneiras de viabilizar a coleta e o reaproveitamento desses materiais.
Fonte: https://www.wired.co.uk/article/plastic-free-zero-waste-stores