À medida que a pandemia avançou, o mundo teve que se tornar mais higiênico. Nesse novo contexto, o plástico descartável passou a desempenhar um papel fundamental no combate a COVID-19. Segundo a pesquisa Datafolha feita neste ano, 69,11% dos brasileiros consideraram os produtos descartáveis como sendo importantes nesse momento. Essa pesquisa, encomendada pela Associação Brasileira da Indústria de Embalagens Plásticas Flexíveis (Abief) e pelo Instituto SustenPlást, tinha como propósito saber qual é a opinião pública dos brasileiros sobre o papel dos plásticos de uso único. 

Esse resultado abre uma discussão relevante: estamos prontos para a pesquisa renunciar ao uso desses produtos nas refeições fora de casa ou no delivery? Temos substitutos viáveis para esses produtos descartáveis suficientes? Esses novos produtos são mesmo melhores? 

A Prefeitura de São Paulo sancionou em janeiro de 2021 uma lei que proíbe o fornecimento de descartáveis pelos estabelecimentos comerciais, porém uma liminar do Tribunal de Justiça suspendeu a determinação para conter o avanço da pandemia. Essa iniciativa acompanha uma tendência dos governos de banir cada vez mais o uso de canudos, utensílios, sacolas para viagem, e outros itens descartáveis. O objetivo é reduzir a quantidade de resíduos plásticos que vai parar no meio ambiente, mas para funcionar os substitutos teriam que ser melhores.

As alternativas propostas no momento para o plástico comum seriam os plásticos compostáveis ou os biodegradáveis. Esses materiais são vistos como amigos do ambiente, porém, na verdade, apenas uma pequena fração dos plásticos biodegradáveis é compostável de maneira não-industrial e os compostáveis só podem ser degradados em um compostor industrial. Ou seja, a maioria dos plásticos considerados como alternativas ecologicamente corretas, precisam de processos e equipamentos industriais para se decompor. Isto torna o impacto ambiental desses novos materiais tão grande quanto os plásticos comuns que eles vão substituir.

Para evitar mais problemas do que soluções, era necessário fazer uma abordagem mais clara de como esses substitutos deveriam ser processados e se temos estrutura para de fato reaproveitar esses materiais novos. Muitas vezes os consumidores não entendem esses termos e acreditam que os materiais alternativos vão simplesmente se desfazer no lixo naturalmente. 

Para Alfredo Schmitt, presidente do Instituto SustenPlást, é fundamental informar e educar sobre a população sobre a destinação correta dos plásticos. Também é preciso promover os programas de estímulo à coleta seletiva e a reciclagem, acrescenta. “A melhor maneira de se garantir a proteção ao Planeta sem prejudicar a população em seu direito à saúde e ao bem-estar é promover o conhecimento sobre o consumo responsável dos plásticos de uso único, assim como sobre seus benefícios e vantagens, além de esclarecer e fomentar a destinação correta desses produtos para a reciclagem, promovendo a Economia Circular e o desenvolvimento sustentável”, diz Schmitt.

A indústria plástica oferece programas de incentivo a reciclagem como o “Tampinha Legal”, do Instituto SustenPlást, o “Copinho Legal” e o “Canudinho Legal”. O Datafolha fez mais de 2 mil entrevistas entre os dias 10 e 20 de julho, distribuídas em todas as regiões do Brasil. Foram entrevistados homens e mulheres, de 16 anos ou mais, de todas as classes econômicas e a margem de erro máxima para o total da amostra é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos.

Referência:

Pandemia resgata plástico descartável, mas tema é controverso
Disponível em: https://valor.globo.com/empresas/noticia/2021/08/23/pandemia-resgata-plastico-descartavel-mas-tema-e-controverso.ghtml